segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

CAVALEIROS DA ROSA-CRUZ

Depois do tempo / de cento e oito anos enterrados / sobre as areias das trevas / dois cavaleiros da Rosa-cruz / avançam sobre corcéis negros a galope / que resfolegam bravamente /
Imersos das areias das trevas / que formam a noite longa / que separa o tempo medieval / do presente em vida / uma dupla de cavaleiros / parecem ter vindo à luz do ventre das trevas / de onde emergiram subitamente /
Agora que a morte me caça / predadora que é / posso dizer do tempo / que tenho sob a areia negra do tempo /
Eu tinha comigo uma rosa / e também uma cruz / Rosa branca perfumada / cruz alva / cruz de Malta / dos cavaleiros Hospitalários / que com o branco pintou o hospital /
A rosa em aroma infantil / era uma menina de fraldas velando o rosto / uma mariposa carregando anjos nas asas débeis /
A cruz alva e pura / era um menino rei de folguedos / e belo na alegria dos olhos / que cintilavam sorrindo /
Soprou um vendaval mau / e fez soar as trombetas / que conclamaram / legiões de demônios / para me combater e destruir /
Então vieram uns ímpios / e seqüestraram minha filha / enquanto meu filho se debatia / como Cristo nas mãos dos algozes /
Separaram a rosa da cruz / Os vândalos invadiram meu lar / e destruíram os afrescos / que Fra Angelico e de Giotto / haviam deixado lá / no silêncio da parede e da tinta /
Desde então minha cruz hospitalária / tingiu-se do sangue de Cristo / derramado pelos ímpios / pelos demônios ressentidos contra Deus /

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